A FCCC (Fundação Cacique Cobra Coral), entidade esotérico-científica que diz controlar o clima, afirmou que mudou a direção dos ventos para afastar a nuvem de gafanhotos que se aproximava no Brasil.

“Estávamos na região Sul em uma operação para elevar o nível dos reservatórios de água Curitiba e fomos chamados por uma empresa agropecuária para afastar os gafanhotos”, diz Osmar Santos, porta-voz da Fundação Cacique Cobral Coral.

Segundo ele, as mudanças efetuadas aceleraram o vento e criaram uma barreira de ar frio que fizeram com que os insetos não se aproximassem do Brasil. "Gafanhoto não gosta de frio", afirma o porta-voz da entidade.

Na quinta-feira (25), o Ministério da Agricultura declarou estado de emergênciafitossanitária nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para que os governos possam adotar medidas de contenção de gafanhotos.

Com a medida, estados têm autorização para tomar medidas prioritárias de combate à praga, como utilização de agrotóxicos e chamamento de entidades que auxiliem nas ações.

A expectativa era de que os insetos poderiam chegar até o Paraná. Na última terça-feira (23), estavam concentrados na região argentina de Santa Fé, a 250 km da fronteira com o Rio Grande do Sul. No dia seguinte, a nuvem já estava a 150 km do Brasil.

O gafanhoto conhecido como sul-americano tem como hábito a formação de massas migratórias e pode viajar até 100 km por dia.

Um quilômetro quadrado da nuvem comporta cerca 40 milhões de insetos. Em apenas um dia, eles podem comer o equivalente ao alimento de 2.000 vacas. Em uma das áreas medidas pelo governo argentino, a nuvem de gafanhotos chegou a 10 km de extensão.

A fundação afirma ter começado a operação climática na quarta-feira (24).

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enviou nota para a reportagem da Folha na quinta-feira (25) afirmando que as condições climáticas estavam favoráveis. “Estamos monitorando, mas tudo indica que ela vai ficar mesmo no Uruguai por enquanto. Se o clima continuar favorecendo, ela nem chegará ao nosso território”, explicou a ministra.

Santos diz que as mudanças feitas pela entidade contrariaram as previsões. “O vento virou e mudou temporariamente a rota dos gafanhotos que viriam da Argentina para o sul do Brasil. Mas para nós foi um sinal de que não estamos fazendo a lição de casa com a mãe natureza”, diz Santos.

Ele diz que está prestando serviços para um cliente que procura manter o que chama de veranico durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. “Fizemos um trabalho semelhante no hemisfério norte, onde as temperaturas elevaram antes do fim do inverno e seguirão altas até novembro.”

A FCCC diz que presta serviço para empresas e governos de várias partes do mundo. Os nomes são protegidos por sigilo contratual.


A emergência causada pela presença da gigantesca nuvem de gafanhotos também foi tema de três videoconferências na sexta-feira (26). Os encontros abrangeram diretores do Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola) e mais de 60 técnicos, pesquisadores e dirigentes, além de autoridades federais.

“A pauta foi no sentido de nivelarmos as informações e esclarecermos dúvidas de autoridades e dirigentes, principalmente nos órgãos federais e dos Estados de outras regiões”, afirmou o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva.

O objetivo foi avaliar a situação atual do problema e definir os próximos passos na elaboração de um protocolo nacional de combate aos gafanhotos. O Sindag terá ainda outras duas reuniões sobre o tema, uma neste sábado (27) e outra na quinta-feira (2).

Segundo informações do Senasa (Serviço Nacional de Segurança e Qualidade Alimentar da Argentina), a nuvem de gafanhotos pousou na região de Sauce, na província de Corrientes, na sexta.

De acordo com o fiscal agropecuário da Secretaria de Agricultura gaúcha, Juliano Ritter, a atenção agora está sobre os ventos na região e a chegada do frio junto à fronteira brasileira, que podem impedir a nuvem de entrar no país. "Mas seguimos monitorando 300 quilômetros de fronteira a partir da Barra do Quaraí [extremo oeste gaúcho]", afirmou.

A conversa deste sábado será com as três empresas aeroagrícolas situadas na região de Uruguaiana –na fronteira gaúcha com Argentina e Uruguai. Já na quinta (2), a conversa será com representantes dos ministérios da Agricultura dos três países e dirigentes das entidades de aviação agrícola da Argentina e Uruguai. “O foco será uma avaliação da crise e a costura de futuras ações conjuntas", disse o diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle.

A nuvem de gafanhotos vem sendo monitorada desde maio por autoridades argentinas e já tinha percorrido mais de 1.000 quilômetros. Especialistas afirmam que a seca registrada nos últimos meses na região, com a consequente falta de alimentos para os insetos adultos, condicionou a migração dos gafanhotos. Pragas semelhantes já foram registradas na região em 1930 e 1940.

Representantes do grupo de aiação agrícola também ajustaram junto ao Sindag, na sexta-feira, o esboço da parte do setor agrícola para o plano de ação contra os gafanhotos.

“Embora estivéssemos prontos para agir na emergência, essa crise mostrou que tínhamos uma lacuna importante ainda aberta sobre protocolos, rede de apoio, produtos e outros aspectos. Resolvendo isso seremos mais eficientes desde o monitoramento até as ações em campo. Esse plano será um legado importante para a agricultura brasileira”, afirmou o presidente do sindicato, Thiago Magalhães.

Ainda segundo especialistas, ainda que as plantações de arroz já tenham sido colhidas na região gaúcha, os bichos poderiam prejudicar culturas de inverno e, principalmente, pastagens. Para eles, somente inseticidas podem combater o gafanhoto.



Folha de São Paulo