O Ministério da Saúde enviou um ofício à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, pedindo que a instituição dê ampla divulgação ao tratamento com uso de cloroquina e hidroxicloroquina como medicamentos para uso nos primeiros dias de sintomas de Covid-19.
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O ofício, datado de 29 de junho, é assinado pelo secretário de Atenção Especializada à Saúde, Luiz Otavio Franco Duarte.
No documento, Duarte ressalta ser "essencial tomar e divulgar algumas medidas" em relação ao tema. Uma delas é a "prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina, mediante livre consentimento esclarecido do paciente com diagnóstico clínico de Covid-19".
Tal tratamento, afirmou o secretário, seria realizado de forma "precoce, ou seja, nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)".
Duarte também destacou que a ampla divulgação do método "integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar".
"(...) Solicito a ampla divulgação desse tratamento, considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar para tratamento de síndromes de pior prognóstico, inclusive com suporte ventilatório pulmonar e cuidados intensivos", é dito no documento.
Questionado pelo G1, o Ministério da Saúde informou que o ofício "tem caráter administrativo para orientar os institutos e hospitais federais sobre a Nota Técnica divulgada pelo Ministério da Saúde, que trata do enfrentamento precoce da Covid-19".
"Cabe informar que a pasta divulgou novas orientações sobre uso de medicamentos, em que a prescrição permanece a critério do médico, sendo necessária também a vontade declarada do paciente. No caso de pacientes pediátricos ou incapacitados, é necessário o consentimento dos pais ou responsáveis legais", acrescentou a pasta.
A Fiocruz ainda não se manifestou sobre o ofício.
OMS e Opas não recomendam uso
A Organização Mundial da Saúde (OMS), no último dia 10, ao ser questionada sobre as afirmações do presidente Jair Bolsonaro sobre o uso de cloroquina, afirmou que não indica o uso para pacientes infectados com o novo coronavírus.
"A OMS não indica o uso da cloroquina em pacientes de coronavírus porque não conseguimos demonstrar um benefício claro a eles", afirmou diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan.
O diretor Marcos Espinal, do Departamento de Doenças Comunicáveis da Opas, que é braço da OMS nas Américas, reforçou em 19 de maio que "não há evidências para recomendar cloroquina e hidroxicloroquina contra a Covid-19".
"Ainda não temos os resultados de testes clínicos que possam sugerir a eficácia desses dois medicamentos. Desde o começo, a Opas produziu uma revisão bastante sistemática. Acabamos de atualizar o documento, e não há evidência de que essas duas drogas sejam eficazes contra a Covid-19", explicou Espinal.
G1
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