Técnicos do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Alimentar da Argentina (Senasa) devem tentar novamente, nesta sexta-feira, 17, uma aplicação terrestre de inseticidas contra a nuvem de gafanhotos pousada na região da divisa entre os departamentos de Curuzú Quatiá, Sauce e Esquina, na província de Corrientes. O ponto fica próximo à Ruta 30 e a cerca de 160 quilômetros de Uruguaiana, na fronteira do Rio Grande do Sul.
Segundo boletim divulgado na noite desta quinta-feira, 16, pela entidade, a aplicação que seria na última quarta foi cancelada devido à chuva. O local é de difícil acesso por terra e uma aplicação aérea não seria possível pelo fato dos gafanhotos estarem protegidos sob a vegetação densa na área.
A nuvem, que percorre desde junho a região a província e colocou em alerta Brasil e Uruguai, está pousada no local desde o início da semana. O objetivo é fazer aplicações com equipes a pé e com equipamentos costais, ainda que pontuais, antes que a nuvem decole outra vez, com a chegada do ar mais quente.
A temperatura entre a região do Arroio Ávalos e a fronteira gaúcha pode chegar aos 30 graus neste sábado, embora o vento deva sobrar em direção à Argentina
Alerta na fronteira
Ainda nessa quinta-feira, em live promovida Ministério da Agricultura do Brasil, representantes da pasta chamaram a atenção para o risco que o Brasil ainda corre de uma invasão de gafanhotos, levando em consideração a similaridade entre as situações de agora e a de 73 anos atrás, a última vez em que uma grande nuvem de gafanhotos entrou no Brasil a partir de Corrientes.
Na época, causando danos em lavouras do Rio Grande do Sul ao Paraná e praticamente fazendo nascer a aviação agrícola brasileira. Naquela ocasião, também com os insetos “estacionados” em Corrientes até julho e depois avançando no Brasil até setembro. O outro dado importante apresentado no encontro foi a confirmação de mais uma nuvem de gafanhotos se formando na região do Chaco, no Paraguai – entre as províncias de Boquerón e Alto Paraguay, na latitude da divisa com o Mato Grosso do Sul.
As duas informações partiram do chefe do Programa Nacional de Gafanhotos e Ticuras da Argentina, Hector Emílio Medina. Ele participou do webinar do Ministério da Agricultura juntamente com o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart, e com o chefe da Divisão de Defesa Agropecuária do Mapa do Rio Grande do Sul, Jairo Carbonari. O encontro virtual teve a participação também do pesquisador da Embrapa Clima Temperado Dori Nava e do pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jerson Guedes.
Medina traçou um histórico do combate a gafanhotos na Argentina desde o século 19 e sobre os ataques de insetos gafanhotos no século 20. Ele ressaltou também o aumento da incidência de grandes nuvens a partir de 2015, após um período de calmaria.
Boa comunicação
Segundo Goulart, a situação no país vizinho vem sendo acompanhada pelo Mapa, que integra ainda o Grupo Técnico de Gafanhotos do Comitê de Sanidade Vegetal do Mercosul – Cosave. Segundo ele, a comunicação entre todos os órgãos entre o Brasil e os países vizinhos tem sido constante e importante para se manter a tranquilidade.
Ele destacou que a situação da nuvem na altura do Paraguai por enquanto é semelhante a outros casos que ocorreram desde 2017 e que não trouxeram risco para o Brasil. O chefe do Departamento de Sanidade do Mapa adiantou ainda que o governo gaúcho deve publicar na próxima semana um plano estadual para o controle de gafanhotos.
O Sindag também conta, desde junho, com a prontidão de empresas aeroagrícolas na fronteira. À disposição do Mapa para eventuais ações contra gafanhotos.
Canal rural
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